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  Casa Rosenda.
   


Se as paredes falassem, seriam 82 anos de histórias

Fonte: Destaque Catarinense

Valdinei de Almeida

Praia Grande - O casarão de traços germânicos teve a primeira habitação por volta de 1925, mas ainda hoje se mantém imponente à margem da rua que recebeu o nome de seu fundador.

Abel Esteves de Aguiar, nome conhecido por toda Praia Grande, fez muito pelo município e sua vida é matéria-prima para muitas histórias e 'causos'. Mas, do legado que deixou, o que chama a atenção dos muitos turistas que descem a Serra do Faxinal, seja no verão ou no inverno, é a bela casa de número 674.

Atualmente, a rua se chama Abel Esteves de Aguiar, mas já se chamou Vila Rosenda, também pela vontade do pioneiro comerciante. Além da empresa de açúcar cristalizado, da primeira usina hidroelétrica, granja e descascador de arroz, seu Abel fundou a Torrefação e Moagem do Café Rosenda, nome dado em homenagem à primeira esposa, que muito amava e perdeu de forma trágica, com apenas 21 anos.

A irmã

Em consolo à morte de Rosenda, o sogro de Abel ofereceu em casamento a mão de sua outra filha, Eduvirges Cardoso de Aguiar. A casa, assim como a localidade, recebeu também o nome da amada esposa, que deu a Abel o seu primeiro filho, Altemar. No segundo matrimônio, vieram Alzira, Vilmar, Hugo e Antenor.

Abel, nascido em 29 de julho de 1894, veio para a região juntamente com o pai Manoel Esteves de Aguiar e seus cinco irmãos. Seu maior feito, conhecido e contado por muitos em Praia Grande, foi a abertura da primeira estrada pela Serra do Faxinal, depois de pleitear verbas junto ao governador Aderbal Ramos e Nereu de Oliveira Ramos, presidente da República durante um curto período.

Tendo detonado rochas na Serra para a passagem de veículos, teve que parar com o trabalho em 1958, com a morte de Nereu Ramos, sendo finalizada apenas na gestão do prefeito Garibaldino Pinto, entre os anos de 1973 e 1977.

O sótão

O sótão da casa Rosenda serviu de esconderijo para seu Abel e seus companheiros políticos, durante o golpe militar de Getúlio Vargas, em 1930. No local, décadas mais tarde, foram encontrados projéteis de armas de fogo.

Em sua carreira política, Abel Esteves de Aguiar foi nomeado prefeito de Araranguá em 1945, pelo então presidente Getúlio Vargas. Em sua gestão, tornou público o Hospital Bom Pastor.

Hoje, a casa onde Abel viveu com a família até a morte pertence à José Cardoso da Rosa, o Zé Serrano, e sua esposa Inês Laguna da Rosa. O casal de agricultores aposentados adquiriu a casa por volta de 1981 e nela criou os filhos. "Quando viemos para cá, a casa estava bastante danificada, reformamos, sempre com a preocupação de manter os traços germânicos", diz dona Inês.

A senhora simpática que atendeu a reportagem conta que, tanto no verão quanto no inverno, são muitos os que passam pela rua e param para admirar o edifício, pedem para filmar a parte interna e externa, tirar fotos, conhecer a história. "Hoje mesmo meu esposo foi a Morro da Fumaça em busca de telhas do mesmo formato para uma reforma do telhado."

Grandiosidade

O interior se mostra ainda mais imponente que a parte de fora, levando os visitantes há um passado remoto, de habitações de coronéis e senhores de escravos, caso do pai de Abel, Manoel da Silva Esteves, de onde provavelmente veio a inspiração para o estilo da construção. "Aqui é um lugar ótimo para se morar, a gente sente uma energia muito boa, me sinto muito bem nessa casa."

Sem nem pensar em se desfazer da propriedade, dona Inês diz esperar que seus descendentes se interessem em preservar a residência, que faz parte da história de Praia Grande. "Minha neta de 15 anos adora visitar esta casa e já nos pediu para jamais vender. Espero que ela dê continuidade a esse amor e fique nela."

Descendentes de Abel ainda residem no município. Na mesma rua onde sua mãe e filhos foram criados, Léa Ruth Esteves Rocha mora com o casal de filhos, Vanessa e César Henrique, cerca de duas quadras da casa Rosenda.

Sua mãe é Alzira, primeira filha do segundo casamento de Abel. "Minha família tem grande estima pela casa Rosenda. Na hora da partilha de bens, era para a casa ter ficado com minha mãe, que cuidou de 'pai Abel' (como era carinhosamente chamado) até o fim, mas ela foi dada ao meu tio Hugo Esteves, que se desfez da propriedade", conta Léa.

Visitas

Como parte da herança, Alzira ficou com terras na comunidade de Vila Rosa, que até hoje mantém o nome dado e onde mora outra neta de Abel.

Segundo Léa, a administração já pensou em obter a casa Rosenda para a instalação de um museu, que contaria a história de seu avô, tios-avôs e seu bisavô e, conseqüentemente, o nascimento e desenvolvimento de Praia Grande e da Região.

Dona Inês afirmou ao Destaque Catarinense que qualquer visitante é sempre bem recebido pelo casal. E assim a casa Rosenda continua ali, em seu altivo patamar, assistindo a história passar diante de suas janelas, na rua que leva o nome de seu criador.

DESTAQUE CATARINENSE

24/07/2007


Data da foto: 2004
Coleção:Luiz Gonzaga Inácio






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