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Lembranças de Praia Grande - 2.

Eulina Esteves de Aguiar

..........Lá fora a escuridão toma conta das matas, dos arvoredos e das poucas casas da região. Muitas estrelinhas e uma lua minguante passeiam pelo universo sideral.
..........Na residência do Sr. Gervásio Esteves de Aguiar, velas e lampiões espalham claridade àquelas pessoas que, nervosas, se movimentam de um lado para outro. Na estrebaria, barulho de cavalos que pareciam chegar, traziam a parteira. Onze horas, meia-noite, uma hora da madrugada e o choro de uma criança recém nascida. Era dois de dezembro de 1926, sendo registrada somente em 1° de março de 1927, com o famoso jeitinho brasileiro. Uma menina, falou a parteira. Os pais aflitos não tiveram tempo para pensar que seus desejos não haviam sido realizados, pois eles esperavam um menino.
..........Bem mais tarde a menina recebeu o nome de Eulina Esteves de Aguiar. Acho muito feio este nome, mas veio a compensação de receber um apelido: Nina, do qual acho lindo.
..........Cresci magra, feia e tímida, mas muito esperta e arteira. Para cada arte quase sempre apanhava. Era costume de antigamente. Por pouca coisa já vinham os puxões de orelha ou uns tabefes. Nem chorava mais quando isto acontecia, acostumei, apesar disso, tive uma infância muito feliz. Desde muito cedo aprendi a andar a cavalo, a remar uma canoa que tínhamos para pescar e passear pelo rio. Também a adolescência foi muito sadia e feliz.
..........Tive quatro irmãos, dois morreram e dois ainda vivem.
..........Meu pai, bom e esperto, deu para nós professora particular, vinda de Araranguá, se chamava Ada Silva. Terminadas as aulas (6 meses) fui para Araranguá morar com uns amigos de meu pai e estudar no grupo escolar. Lá sofri muito com as colegas orgulhosas que me achavam caipira por ser do interior. À noite molhava o travesseiro com lágrimas. Felizmente, no ano seguinte fui me juntar com minha irmã mais velha, que estava interna no Colégio São José, de Tubarão. Passei os melhores anos de minha vida naquele querido colégio, recebendo educação e cultura. O colégio oferecia muitos jogos, distrações, aulas de bordados, pintura, música e etc. Foi lá que, pela primeira vez me apaixonei. Eu tinha doze anos. Era o mais lindo garoto, filho de um promotor. Era proibido conversar com ele, mas os bilhetinhos amorosos vinham através de uma cerca de sarrafos que dividia os pátios. No ano seguinte seu pai foi transferido e eu sofri muito até esquecê-lo.
..........No colégio S. José passei nove anos interna, levando dele o meu diploma de normalista. Foi em Tubarão que conheci um moço que com ele me casei, Raul Corrêa. Tivemos oito filhos, sendo que o segundo morreu ao nascer. Criamos um filho adotivo que nos deu muitas alegrias. É hoje um homem íntegro e bom pai de família.
..........O meu primeiro emprego foi no grupo escolar Castro Alves, de Araranguá. Voltei a morar em Praia Grande, onde nasci, e lá me casei.
..........Fui a primeira professora normalista a lecionar na Escola Reunida Delia Régis de Praia Grande. Dois anos depois voltei a morar em Tubarão para lecionar no Grupo Escolar Henrique Fontes. Engajei-me na criação da APAE juntamente com outros. Dei muito de mim para aquela escola, a segunda APAE a ser criada em Santa Catarina. Quando me aposentei ainda nela trabalhava. Tenho uma filha especial, com Síndrome de Down. Sandra é seu nome. Ela aprendeu a ler com dez anos, sendo a primeira excepcional a ler em SC.
..........Meu marido morreu em 1979. Viúva e aposentada joguei-me ao trabalho em nossa fábrica de malhas. Com meus filhos mais novos fizemos crescer a Malharia Cidazul.
..........A minha maior distração era viajar. Abençoada por Deus e pelo meu esforço no trabalho pude viajar por onde quisesse. Conheci muitos países em vinte excursões que fiz. Nas férias, lá estava a "Dona. Nina" arrumando suas malas e voando para algum lugar deste planeta. Levava comigo, quase sempre, um casal de filhos. E a menina feia e complexada foi se transformando numa mulher feliz, sem orgulho nem complexos, amando a si mesma e a todos que me rodeiam.
..........Hoje fico mais em casa, pois minha Sandrinha precisa muito de mim. Amo muito meus filhos. Eles formam uma família muito bonita, trilhando um caminho de trabalho, honestidade e bondade. Tenho treze netos dos quais me orgulho muito.
..........De Praia Grande guardo boas lembranças e a Deus agradeço as bênçãos que ele derrama sobre o meu viver. Obrigada Senhor!


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11 de agosto de 2004



   
 

Fonte: Eulina Esteves de Aguiar

  Filha de Gervásio Esteves de Aguiar e
Izaurina da Silva
 
 
   
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