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  Nossa homenagem a Dona Rosa!
   
 
 

No topo
Diante do desfiladeiro, tendo o mar no horizonte, o turista experimenta a mesma sensação dos antigos tropeiros
Fotos: Walmor de Oliveira

..

A praia que só
se vê no horizonte

Cidade encravada entre os parques de Aparados e da Serra Geral carrega no nome a história de uma visão deslumbrante

Marli Vitali

As histórias que Rosalvina Muniz Reis da Silva conta prendem a atenção de qualquer pessoa. Aos 77 anos, a professora aposentada ainda lembra da maneira como chegou em Praia Grande, um vilarejo quase perdido abaixo da Serra Geral. "Vim com minha família quando tinha três anos", recorda. O meio de transporte era comum naquela época. "Descemos a serra dentro de um 'jacá', duas bolsas de couro que eram amarradas no cavalo", conta.

Dona Rosa veio com os pais e mais nove irmãos, que deixaram o município gaúcho de São Francisco de Paula para se instalar no Sul de Santa Catarina. "Precisavam de professores naquela época, por isso viemos", ressalta ela. Foi o pai, o professor e catequista da Igreja Episcopal, Oliveiros Muniz dos Reis, que trouxe a família e acabou adotando a cidade. "Todos nós nos apaixonamos pela região, fomos ficando e constituindo família", diz dona Rosa ao lado do marido, o motorista Djalma Américo da Silva Guattmozin, de 79 anos.

É fácil entender porque o professor Oliveiros voltou para São Francisco de Paula poucos meses depois e vendeu a fazenda e as terras da família. A vida em Praia Grande não era fácil, mas a beleza natural do local impressiona. Quando chegou no topo da Serra Geral, junto com sua esposa e filhos, o professor deve ter ficado entusiasmado com a natureza abundante, os rios de águas cristalinas e a visão do mar no horizonte. Era a grande praia que os tropeiros avistavam quando subiam a serra em tempos remotos e que deve ter originado o nome do lugar.

Depois de anos, a imagem que agradou Oliveiros continua conquistando turistas e aventureiros que sobem ao cume da serra, que hoje abriga os parques de Aparados da Serra e da Serra Geral. Ainda é possível enxergar o mar lá de cima, mas a paisagem sofreu algumas alterações. O pequeno vilarejo deu lugar a um município em desenvolvimento. Com cerca de 7,5 mil habitantes, Praia Grande tem a base de sua economia na agricultura, mas aposta na indústria sem chaminés ­ o turismo ­ como a principal fonte de renda dos próximos anos.

E a natureza colaborou com sua parte. Embora o progresso tenha chegado com seus carros barulhentos, o município conserva ainda muito do tempo em que era parada obrigatória para tropeiros e viajantes que precisavam chegar até o Rio Grande do Sul. Por muitos anos, as estradas de terra de Praia Grande eram a única ligação segura com o Estado vizinho. Também existia o caminho pelas praias, mas para os caminhões e veículos maiores havia sempre o perigo dos atoleiros. Foi essa história que deu ao município uma importância e um reconhecimento maior do que têm hoje. "A passagem obrigatória por aqui acabou servindo para o desenvolvimento da cidade", lembra Djalma.

Daquela época, Praia Grande conservou a tranqüilidade da vida e a maneira calorosa como recebe seus visitantes. "Quem vem pra cá sempre volta e acaba trazendo mais pessoas", ressalta a empresária Maria Inês Rocha, integrante do Conselho Municipal de Turismo. E é justamente no quesito "amizade" que os moradores de Praia Grande apostam para atrair mais turistas.

Competição amistosa

A cidade catarinense disputa, amigavelmente, com Cambará do Sul (RS), os visitantes que procuram o Parque Nacional de Aparados da Serra, que fica em território gaúcho, e o Parque Nacional da Serra Geral, que está em Santa Catarina. "O que falta é divulgação, até por parte do governo estadual, para mostrar que temos as mesmas belezas que o Estado vizinho ou até maiores", pondera Maria Inês.

Para chegar até o município, o turista que vem do norte utiliza a BR-101 até o trevo de acesso ao município de São João do Sul. Depois é preciso percorrer a SC-450 por mais 21 quilômetros. A beleza da Serra Geral encanta o turista logo na chegada, a pouco mais de 20 quilômetros do centro da cidade, já na serra do Faxinal. Lá de cima, a uma altura de 1035 metros, o visitante tem a mesma visão que o professor Oliveiros: o vale, as cachoeiras e as ondas do mar que se agitam no horizonte.

O turismo ecológico é o principal atrativo de Praia Grande. Ainda dando os primeiros passos na direção do profissionalismo, o município conta com dois hotéis e duas pousadas. "Também temos algumas famílias que hospedam as pessoas na época de grande movimento", explica Maria Inês. As reservas precisam ser feitas por telefone. Uma diária, que varia entre R$ 15,00 e R$ 20,00 por pessoa, dá direito ao pernoite e ao café da manhã.

Paixão
Dona Rosa chegou a Praia Grande dentro de um jacá


A igreja local foi construída em mutirão pela comunidade

Serviço

Onde dormir

  • Hotel e Restaurante do Sérgio, no Centro, telefone (0xx48) 532.0191.
  • Hotel e Restaurante Canyons, no Centro da cidade.
  • Pousada Caminhos da Serra, telefone (0xx48) 532.0367.
  • Pousada Vale Verde, telefone (0xx48) 532.0453/532.0064.

Onde comer

  • Restaurante Marina, na entrada da cidade.
  • Restaurante Jodi, rua Júlio Pedro Clezar, 14, no Centro.
  • Pizzaria Avalanche, rua Ricardo Inácio, 280.
  • Pizzaria Ponto Alto, rua Nereu Ramos, 40, no Centro.
  • Lancheria Central, próxima à rodoviária.

O que visitar

  • Parque Nacional da Serra Geral, criado em 1992, com 17.300 hectares, e Parque Nacional de Aparados da Serra, criado em 1959, com 10.250 hectares.
  • Igreja Matriz São Sebastião, em frente à Praça Central.
  • Praça Central, com o monumento que lembra as belezas naturais do município (os cânions).
  • Balneário do rio Mampituba, no Centro da cidade.

Onde fica

Município do extremo sul catarinense, na divisa com o Rio Grande do Sul.

  • Economia: agrícola.
  • Habitantes: cerca de 7,5 mil.

Distâncias:

  • 21 quilômetros da BR-101.
  • 64 quilômetros de Araranguá.
  • 90 quilômetros de Criciúma.
  • 290 quilômetros de Florianópolis.


Espelho
O rio de águas cristalinas atrai visitantes


Turismo é vocação natural

Praia Grande ­ Aos poucos os habitantes de Praia Grande estão percebendo a riqueza que tem nas mãos. A natureza, bastante generosa, tem tudo para se transformar na principal fonte de renda do pequeno município na divisa de Santa Catarina com o Rio Grande do Sul. A Lei de Tombamento Artístico, Cultural e Histórico, aprovada há poucos meses, pretende preservar partes da história que ainda permanecem vivas.

"Temos que mudar muitas coisas aqui, mas preservando monumentos e coisas que fazem parte de nossa história já estaremos dando um grande passo", ressalta Maria Inês Rocha, do Conselho Municipal de Turismo. A casa mais antiga, o primeiro hospital da cidade e uma figueira centenária na praça foram os três tombamentos iniciais. Contam os mais antigos que a figueira só resistiu porque está cheia de chumbo, resultado das balas de revólver disparadas na época em que não havia lei e a justiça era feita com as próprias mãos.

E se a intenção é preservar, um fato positivo é o livro "Praia Grande - Cidade dos Canyons. 180 anos de história", do fotógrafo Gilberto Ronsani. Durante 34 anos Ronsani foi guardando fotos antigas, ouvindo depoimentos de moradores e coletando o material que acabou se transformando em livro. O lançamento ocorreu no último dia 10 de dezembro. "Uma parte da minha vida e da vida dos moradores de Praia Grande está no livro", resume. A publicação, com 40 fotos históricas, pode ser encontrada nas livrarias da região Sul.

Entre suas pesquisas, o fotógrafo-escritor descobriu um fato que derrubou por terra os dados sobre os colonizadores do município. As histórias mais antigas davam conta que os primeiros moradores haviam chegado entre 1916 e 1917. "Consegui colher provas em cartórios e livros antigos, demonstrando que existiam moradores aqui entre 1819 e 1820", afirma. Segundo ele, o casal português Jacintho Lopes e Rosa de Jesus, que morou em Laguna, foi pioneiro na colonização de Praia Grande.

Uma das coisas que Ronsani não explica é o nome da cidade. "Isso é mais complicado, porque não há registros sobre o assunto", disse. Como justificar a inclusão da palavra praia no nome de uma cidade que fica a mais de 30 quilômetros do mar? A resposta talvez retorne ao tempo dos tropeiros, que subiam a Serra Geral e, ao chegarem no topo, ficavam extasiados com a natureza abundante e com um descampado - uma "grande praia". (MV)

A Notícia

 Joinville         -          Segunda, 3 de Janeiro de 2000         -          Santa Catarina - Brasil

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Fonte: A Notícia

  Marli Vitali
Walmor de Oliveira
 
   
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