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                                                               TENTATIVA DE  ANEXAÇÃO DE PRAIA GRANDE 
09.11.1991 
                                                              Ao tempo do  Brasil Colonial, reinava certa balbúrdia quanto aos limites litorâneos entre o  Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Três hipóteses eram aventadas: os Rios  Araranguá, Mampituba ou Tramandaí. A primeira nos favorecia: a última, a Santa  Catarina. Depois da Independência prevaleceu (ainda que com hesitações) a  solução intermediária. 
                                                                 
                                                                Mas o  problema não estava resolvido. E que o nome Mampituba se aplicava só à corrente  fluvial mais baixa, desde a barra (foz) até aproximadamente o Passo do José  lnácio. Dai para cima abria-se o rio em dois: o Verde (seguido do Glória) para  a esquerda de quem sobe, e o Sertão, para a direita. Qual de ambos seria o  legítimo Mampituba superior? 
                                                                 
                                                                Quando o  Município de Torres foi criado pela primeira vez, em l878, admitia-se a divisa  norte pelos rios Mampituba e Sertão, entendendo-se que continuava serra acima  pelo afluente deste último de nome Formoso. Portanto considerava-se integrante  do novo município uma larga encosta da Serra Geral, justamente onde subia a  trilha de Praia Grande a Vacaria; tratava-se de região inicialmente povoada por  gaúchos, como reconhece Oswaldo Cabral em sua "História de Santa  Catarina". Em 1889 a Lei Provincial nº 1768, no o distrito do Juizado de  Paz da Glória, também marcava o limite norte pelo Rio Sertão. 
                                                                 
                                                                Contudo não  era este o parecer das autoridades do Município de Araranguá, criado em 1880.  Reivindicavam o distrito de Praia Grande para si e ali cobravam seus impostos. 
                                                                 
                                                                Estava  estabelecido o litígio. Nos relatórios de 1883 a 1884, a Câmara Municipal de  Torres reclamou aquela faixa de terra, que por direito era torrense. Pediu à  Assembléia Geral (Congresso Nacional de então) que solucionasse o caso. 
                                                                 
                                                              Proclamada a  República, o problema continuou. em aberto perante as autoridades estaduais  (RGS e SC divergiam) e federais (nada definiam). O Código de Posturas de Torres  de 25.06.1921, em seu artigo 3º deixava claro que só aceitava limites com  Araranguá "pelos Rios Mampituba e Rio Sertão": O Ato retificatório nº  29, aprovado dias depois. especificava melhor essa divisa, dizendo que seria  "o Rio Sertão, que ao chegar nas proximidades de suas cachoeiras, é  conhecido por Rio do Braço, até o Dorso da Serra do Mar". 
                                                               
                                                              Indefinida  ainda a situação quando, em 1929, assumiu a Intendência de Torres o ex-delegado  de polícia (aposentado) José Krás Borges, eleito por 834 votos, praticamente  unanimidade. Liderou a Revolução de 1930 em Torres e por isso confirmado como  Prefeito pelas novas autoridades estaduais. Quis então resolver definitivamente  a questão limítrofe. 
                                                             
                                                              No dia 11 de  fevereiro de 1931. reuniram-se em Praia Grande, a pretexto de uma festa, cerca  de 700 moradores, a maioria gaúchos. Correu um abaixo-assinado pedindo que a  região constituísse o Quinto Distrito de Torres. Liderava o movimento Abel  Esteves de Aguiar, morador antigo e chefe político liberal. Seu  correligionário, o Prefeito Krás Borges, estava presente, dizem que com o  Decreto de criação do Distrito no bolso. 
                                                               
Mas a manobra  não deu certa. As autoridades de Araranguá botaram a boca no mundo, protestaram  junto ao interventor de Santa Catarina e enviaram 20 a 50 homens para repelir a  "invasão", a mão armada. Krás Borges foi chamado a explicar-se em  Porto Alegre. Os jornais gaúchos ("Estado do Rio",  "Correio", "Jornal da Manhã", "Diário de  Notícias"), catarinenses e até cariocas trataram do assunto.  
 
Como é  sabido, os catarinenses acabaram ganhando a parada. A divisa norte de Torres  estabeleceu-se na sequência dos rios Mampituba, Verde, Glória e Praia Grande.  Quanto ao Distrito de Praia Grande, que em 1931 por um triz foi torrense, hoje  é Município pertencente ao Estado de Santa Catarina.             
             
Fonte: Torres Tem História - Ruy Ruben Ruschel 
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