Praia Grande
Padroeiro: S. Sebastião
Fundação da Capela: 28-11-1919
Praia Grande, como parece à primeira vista, não fica no litoral, mas ao pé da serra Geral, no sudoeste do município de Araranguá. Toma o nome de um grande despraiado existente no Rio Verde, aí denominado Rio Praia Grande. Não é uma praia comum, mas um imenso lençol de seixos rolados. Nesta zona entende-se por “praia” também o cascalho só, pois é frequente se ouvir a expressão: “levaram praia para a estrada”, ou “assoalharam a estrada de praia”, quando querem exprimir a atividade do governo em pavimentar com este material no leito da rodovia.
Desde 31 de dezembro de 1943 data em que foi criado o distrito de Praia Grande, esta localidade passou à categoria de vila. Possuía em 1946 uns 90 prédios. Está em franco progresso.
Como localidade, Praia Grande não é muito antiga, pois o empório comercial somente passou para lá no ano de 1917. Antes desta data havia talvez uma ou outra casa ladeando o caminho que liga a serra ao litoral.
Pelo ano de 1918, entre outros, habitavam em Praia Grande Idalino Cardoso, os irmãos Camilo João Inácio e Ricardo João Inácio, Abel Esteves, Amândio Cardoso de Lima e Ildefonso Ramos.
Em 1917, quando este último se mudou para Praia Grande, ainda não havia nenhuma igreja. A 1a. capela foi feita em 1918, fora da praça, perto do rio. Como logo veio um novo traçado de ruas se cogitou imediatamente em mudar a igreja para a praça, em frente do lugar da que existe hoje. Uma tempestade de vento que descobriu todo o telhado foi o suficiente para se resolver mudá-la, fazendo outra, também de tábua, no lugar supra indicado. Encomendou-se a imagem de S. Sebastião em que lê a inscrição: “San Sebastiano fato 1919”. Na data de 28 de novembro foi benta a igreja e a imagem do padroeiro.
Mas dentro de poucos anos a capela tornou-se pequena. Numa reunião dos principais elementos de Praia Grande decidiu-se a construção duma nova igreja. Antônio Luz, viajante de Gravataí (R. G. do Sul) presente na reunião, organizou listas em que todos os assinantes se comprometeram a contribuir com Cr$100,00. Em 1931 começaram-se os alicerces, tendo-se adiantado os trabalhos até a metade da coberta. Por mais de um ano ficaram paralisadas as obras. E mesmo depois esteve entregue ao culto, por muitíssimos anos, sem forro, sem reboco e com piso de barro socado. Por volta de 1940 foi feito o piso de cimento, rebocado internamente, e, em 1943, exteriormente. Somente em 1945 foi pintada por fora.
Para a chamada dos fiéis foi adquirido, durante a existência da segunda igreja, um sino de 10 Kgs. por Cr$175,00. Foi Manoel Pinto que o trouxe. O mesmo senhor, quando o sino quebrou, impediu sua venda, alegando ser de sua propriedade. Por algum tempo foi substituído por uma serra circular de que se tirava o som da chamada. Somente em maio de 1939 foi vendido a Urbano Maganini por Cr.$18,80.
O sino atual, suspenso numa torre de madeira, ao lado da igreja, foi adquirido em 1938 e pago a 21 de dezembro de 1938 por Cr.$2.678,90. Na festa de 21 de outubro de 1938 foi solenemente benta, sendo padrinho Antônio Pioner e madrinha Dulce Lima.
Interessante era a organização das primeiras festas de S. Sebastião, padroeiro da igreja. O juiz festeiro escolhia 12 mesários e marcava para cada um, um mês em que podia recolher adjutórios para a festa. Desde 1938 a própria comissão da capela vem fazendo as festas. Festeja-se também a Festa do S. Coração de Jesus.
Na capela acha-se ainda a imagem do S. Coração de Jesus, benta em 13 de novembro de 1942. Foi adquirida por Cr.$ 275,00, rendendo a festa da benção Cr.$712,00. Em 1945 dona Luiza Martins Porto ofereceu um belo crucificado à igreja, tendo-o trazido nos braços desde Caxias do Sul, onde foi adquirido. A festa de benzimento rendeu-se por doação dos padrinhos Cr.$ 775,00.
O livro caixa foi aberto em 19 de julho de 1938.
Cemitérios há dois em Praia Grande. O do Malha Coco é o mais antigo e fica na estrada que vai para a serra homônima. O outro é mais recente e fica uma dezenas de metros distante da igreja.
De Praia Grande – Praia Grande é a única capela de todo o território da Paróquia de Sombrio, que possui um centro de religião acatólica, não mencionando naturalmente a aberração de culto, se assim nos podemos exprimir, da capela de Palmeira.
O ambiente, em Praia Grande, era favorável à introdução da seita da Igreja Episcopaliana Brasileira. Afastada cerca de 80 Kms. da sede paroquial, (então era Araranguá) recebia só anualmente a visita do Vigário, por ocasião da festa, ou raramente duas vezes. Mas vejamos o histórico do afastamento de alguns católicos de Praia Grande de nossa religião, o que denominamos “cisma de Praia Grande”.
Francisco Batista, morador de cima da serra, no R. G. do Sul, adepto da Igreja Episcopal Brasileira, em suas viagens por Praia Grande, fez a propaganda da seita vendendo livros, bíblias protestantes, folhetos, etc. (sempre a mesma propaganda!). Pelo ano de 1920 Idalino Salustriano Cardoso e Abel Esteves de Aguiar, pertencentes à fábrica da capela, seduzidos pelo engodo, passaram para a seita protestante, tornando-se o último o seu braço forte. Quiseram algumas pessoas de responsabilidade na capela católica, passá-la para o culto protestante. Mas, diante da atitude varonil de Ricardo Inácio, abortou o astucioso golpe.
Por intermédio de Francisco Batista veio Vespúcio Cabral. Como sempre, aí também foi muito esquisita a atividade das seitas protestantes. Em vez de estenderem o reino de Deus, (se é que trabalham para o reino de Deus) entre os pagãos e infiéis, vem iludir católicos periclitantes. Pois se já conhecem a Deus e sua doutrina deixem-nos cumpri-la.
Em lugar do pastor ficou o catequista Oliveira Muniz, que já está presidindo a capela episcopaliana por mais de 20 anos. O pastor e o bispo fazem regularmente, uma ou duas visitas no ano. O reduzido número de prosélitos é acrescido a um grande número de curiosos, que frequentam o culto nas quartas feiras e domingos no salão destinado para isto.
Os membros destacados da seita agem com muito préstimo e convidam com insistência, principalmente as pessoas de maior projeção, para se filiarem à dissidência.
Entre as páginas 88 e 89 há duas fotografias, cujas legendas são:
(Tábua 56) – Terceira Capela de PRAIA GRANDE, construída em 1931. A torre está por ser levantada.
(Tábua 57) – Comissão da Capela de São Sebastião, em PRAIA GRANDE.
Fonte: Raulino Reitz
Paróquia de Sombrio
(Ensaio de uma monografia paroquial)
Progresso religioso e social
1948